Acalme-se.


              Mas que talento tinha para a crueldade. Usava toda a sua audácia para persuadir curiosos atos daquelas pessoas comuns. Premeditava todos os detalhes com uma precisão absurda. Sabia exatamente o que fazia, aguardando o momento certo para manipular sua sublime lâmina.  Mantinha sua vítima em pleno estado de transe, perplexo e assustado pelo medo. E choque. Amedrontado, olhava em sua volta, tentando desesperadamente descobrir o porquê daquilo estar acontecendo.
             Com toda calma,  delicadamente pôs a faca em cima de um pequeno cômodo de cor marfim já envelhecido, tanto pelo tempo quanto pelo mofo do local. Pegou um disco antigo onde dizia "Sinfonias", tirou-o da capa, contemplando com delicadeza a beleza daquele disco. Colocou-o na caixa da vitrola, pousou pick-up sobre o disco, e segundos depois começou a soar no ar "Winter", uma sinfonia de Vivaldi,  e então deu continuidade àquela situação. Tomando a faca com sua mão esquerda, ficou a frente da sua primeira vítima, com um sorriso maléfico e brilho nos olhos, começou a carnificina. Passando a lamina de modo contínuo e preciso, cortava toda a região torácica de sua vítima. Ouvia-se gritos, choros, e ao mesmo tempo a sinfonia fazia aqueles sons tornarem-se um só. A lâmina cortava no mesmo ritmo em que soava os sons daquele ambiente, passava para lá e para cá, rasgando toda a superfície do peito daquela pobre pessoa. Os gritos foram então, aos poucos, cessando-se, até que, seguido da música que cortava o ar, teve se um breve silêncio. A música havia acabado. E levara consigo aquela pobre vida.

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