Não sei.
Não sei
por que cheguei a conhecê-la. Não sei se naquela manhã o copo de café escapou
das minhas mãos pela pressa, distração, nervosismo ou talvez, pela minha forma
atrapalhada de ser. Pergunto-me o que teria acontecido se, naquela manhã, ela
não tivesse perdido o ônibus, seja pelos segundos que o mundo leva vantagem
sobre o seu relógio, ou simplesmente porque ela nunca foi muito pontual.
Não sei
se alguma vez já pensaste nisso. Se tudo está predestinado ou se somos frutos
do acaso. Não sei se já te assustaste ou surpreendeste por causa de uma série
de coincidências. Coincidências que te levaram a uma situação bonita ou te
colocaram diante das maiores catástrofes. Não sei se acredita que seu dia teria
sido diferente se o seu alarme tivesse tocado e pulado nas suas mãos, suicida,
em direção ao chão. Não sei.
Não sei
quem espalhou o boato de que coisas boas acontecem a pessoas boas, se há um Deus
que equilibra as coisas, nem quantas vezes o mundo me mostrou que a justiça
muitas vezes é injusta. Não sei se a tua vida vai mudar por pensar de forma
positiva, talvez não mude, talvez seja exatamente a mesma. Apenas os pequenos
detalhes se tornam um pouco maiores e são vistos de uma perspectiva diferente.
Não sei se coisas ruins acontecem a pessoas más, mas sei que muitas vezes uma
cela de barras de ferro pode ser um alívio diante de uma condenação de
remorsos.
Às
vezes, é nos contratempos, nas pequenas falhas da rotina, que encontramos as
oportunidades mais valiosas. Se o café não tivesse se derramado naquele momento
exato, talvez não teríamos compartilhado risos, histórias e descoberto as
peculiaridades que nos tornam únicos. O acaso, muitas vezes, é o mestre das
histórias improváveis. Se não fosse por aquele incidente naquela manhã
específica, nossos caminhos poderiam permanecer paralelos, sem se entrelaçar.
Porém, foi na imprevisibilidade do destino que encontramos um ao outro,
transformando um simples incidente em um ponto de partida para algo especial e
inesperado.
Incrivelmente
verdadeiro e tristemente real. Se fizéssemos as coisas apenas porque conhecemos
o resultado que terão em nossas vidas, certamente perderíamos oportunidades
brilhantes, seja por acaso, por sorte ou por uma sequência de eventos. E é essa
imprevisibilidade, a incerteza que diferencia os Homens de Deus. Muitas vezes,
nos surpreendemos a nós mesmos, e essa é a magia de não saber o que o futuro
reserva e se o dia em que perdemos o ônibus, ou viramos a esquina e esbarramos
na pessoa indicada, poderia ser o amor da nossa vida. Viva e permita que a vida
te surpreenda.
Juro por
mim que só fui por um café... E te vi.
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