Desamor.
Percebi
muito antes que eu já havia te perdido. Nos pequenos gestos, olhares e em
frases mais curtas que de costume, eram os sintomas de um fim próximo,
prolongados apenas pela espera – lenta – de uma despedida final que nenhum de
nós sabia como conseguir dar.
E
ela chegou. E cedo ou tarde o fim teria que chegar e o mundo queria que fosse
você a pronunciá-lo primeiro. Não ouve lágrimas, não há a necessidade de chorar
por algo que já está morto há algum tempo. Não ouve, tampouco, abraços de um
último adeus. Mas ouve sim um adeus, um silêncio e uma distância imposta pelo
vazio que se abriria entre nós.
E
hoje, olho para trás, ao tempo que passamos juntos e não me arrependo. Sim,
pode ser que o final não seja bonito, e tudo bem, nem todos os finais são como
filmes hollywoodianos, tampouco foi o final desejado, porém, toda história tem
seu final e conosco não seria diferente. Ainda que tenhamos tido um final feio,
aquele que ninguém quer começar a falar, mas que alguém tinha que se atrever a fazê-lo.
Apesar de tudo, ainda noto o sabor
agridoce das coisas que nunca disse, do que calei para não causar ressentimentos
ou brigas. Poderia ter sido melhor não ficar quieto e dizer certas coisas,
talvez assim tivéssemos nos entendido melhor. Não há a necessidade de pensar
nisso novamente, quando já foi decidido e nenhum arrependimento fará reaparecer
o que sentíamos um pelo outro um dia... Mas foi bonito, não foi?
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