Duas versões de você.

 

 

Ela certamente é uma daquelas pessoas que o leva aos extremos. Ou você a ama ou a odeia. Há dias em que ela parece uma tempestade com trovoada. Em seus olhos, a centelha e, nas suas palavras, a perdição. Eles te arrastam, como grandes ondas, para o mar. Ao seu mundo de opiniões ardentes, de desejo de mudança, de ideias loucas, de lágrimas e de risos hilariantes, ela consegue o que quer. Ao seu mundo virado do avesso, de planos improvisados, de rebelião, ela consegue o que quer. Ela, explosiva, virando o mundo de cabeça para baixo, caminha pela cidade que parece tão cheia de gente, mas tão vazia. Em seu sorriso há todo um universo. Tão insurgente, que a sua cabeça não compreende as regras quando o seu coração lhe pede que não as cumpra. Tão autêntica que ela desistiria de tudo e não lhe pediria nada se achasse que você merecesse.

Mas também, há dias em que parece ser um mar calmo. Calmo, pensativo, e se eu pudesse arriscar, poderia dizer: distante. Ela sorri para você com olhos tristes e, nesse preciso momento, você sabe que a tem ali, mas que a sua mente está muito longe. E nesses dias ela se deixa levar, e se você a escuta, se a compreende, se lhe dá a mão, é um convite para o seu outro mundo, o mundo das inseguranças e dúvidas. O mundo das desilusões, do medo. Aquele mundo escuro esculpido de más experiências, de sonhos e expectativas que se perderam no meio do caminho. Há dias em que dizem que ela não se parece com ela, mas é ela mais do que nunca.

Dizem também que, uma vez que você conhece ambos os mundos, percebe que não a conhece tão bem como antes pensava.

 E agora, então sim, tudo muda.

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