Amor líquido.
Por que as relações humanas tem sido cada vez menos significativas?
Vivemos numa era de relações liquidas, em que nada é feito para durar. No que tange à natureza dos relacionamentos humanos, as pessoas se sentem mais confusas e inseguras, sobretudo, consigo mesmas, e acabam por buscar a satisfação momentanea, aumentando assim, a fragilidade do vínculo. Agimos de acordo com nossos instintos mais inseguros: individualismo, egocentrismo e narcisismo, resultando no que Zygmunt Bauman chama de “amor líquido”, onde mantemos as relações de acordo com os benefícios que ela traz, e o substituimos por aquele que nos traz ainda mais benefícios.
A verdade é que amar pode ser caracterizado como um ato arriscado, perigoso, pois não conhecemos de antemão o resultado que nossas experiências efetivas e isso nos torna menos suscetíveis a embarcarmos em algo que não sabemos se haverá mais perda que ganhos. Logo, a solidificação do amor é algo difícil de se alcançar, porque amor depende de um entregar-se ao outro, como antigamente, como deveria ser, mas acaba se transformando em duas partes tirando vantagem uma da outra, como realmente acontece. E as redes sociais tem um papel importante para o amor líquido, pois as relações são mais faceís e menos complicadas no sentido de solução de problemas futuros, quanto mais fácil podemos nos conectar, mais fácil é para desconectarmos. No mundo virtual – ou redes sociais -, o amor se torna consumismo, nos oferta pessoas em diversas plataformas. Se não estou satisfeito com uma relação, simplesmente a ignoro, e busco a proxima. Não há o medo e a insegurança de uma conversa face a face, em que temos de nos empenhar, nos dedicar e dar o melhor de nós mesmo a fim de se concretizar um amor doradouro.
Assim, se reduz o valor emocional atribuído ao sentimento, trazendo mais previsibilidade e menos sofrimento. O amor líquido faz com que nossas relações sejam cada vez mais flexíveis e na falta de um porto seguro para a nossa solidão, o ser humano mergulha em relações cada vez mais líquidas: rápidas, fúteis, descompromissadas e sem valor.
Em busca de uma fuga dessa realidade, a sociedade opta por estabelecer vínculos virtuais, evitando o comprometimento com a dúvida – e o medo - de uma relação presencial. Bauman nos diz que “Estar num relacionamento significa muita dor de cabeça, mas sobretudo uma incerteza permanente. Você nunca poderá estar pleno e verdadeiramente seguro daquilo que faz, ou de ter feito a coisa certa no momento preciso.”
Sem a pressão de estabelecer uma responsabilidade, o relacionamento se torna cada vez mais frágil, uma mera conexão, e assim, podemos trocar de parceiros por outros cada vez melhores. Bauman nos explica que quando a qualidade das relações diminui, a tendência é tentar recompensá-la com uma quantidade maior de parceiros. Um exemplo é a quantidade de amigos nas rede sociais que ultrapassam os 400, 500 amigos, algo irreal para a convivência cotidiana de qualidade.
Nós, como pessoas, nos afastamos de relacionamentos principalmente pelo medo da rejeição, o que é natural e, na atual sociedade, quase iminente. A fluídez do amor moderno, é visto como relações líquidas cuja facilidade de conexão e desconexão nos atrai, fazendo com que nossos medos e inseguranças sejam aplastados pela ideia de poder se livrar do menor dos problemas, com a simplicidade de um click. As pessoas pensam que podem resolver problemas cortando vínculos, mas o que elas fazem mesmo é agravar conflitos criando complicações futuras.
Para sermos felizes, precisamos de dois valores indispensáveis: segurança e liberdade. Segurança sem liberdade é escravidão. Liberdade sem segurança é um caos. Essa dualidade acaba por nos confundir e trazer ainda mais insegurança nas relações afetivas. Quero ter segurança, mas quero ser livre tambem. Por outro lado, não posso ter liberdade sem dar segurança.
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