Aguarde.
– “Pelo que você
viveria?” – Ele perguntou a ela.
– “Por mim, pela
minha família, por todos aqueles que amo” – Ela
respondeu.
Dito aquilo, ele
a olhou, como se aquele momento fosse o último que poderiam ter pelo resto de
suas vidas. E algo dizia que sim.
Ela o fitou em retorno, e nos olhos dele, pôde ver a
tristeza que tomava conta daquele momento.
– “O que houve?
’’ – Ela perguntou, olhando pra ele com ar de surpresa.
– “Você realmente
me conhece, não é mesmo?” Desabafou. – “Sabe pelo que eu viveria?“ Disse ele com toda sinceridade que
conseguiu demonstrar.
– “Por mim?” Ela
falou baixinho, enquanto sorria para tentar quebrar o gelo que estava tomando
conta. – “Me diz, estou ficando preocupada”.
Ele sorriu, e
ainda olhando em seus olhos, como se estivessem conectados de alguma forma,
colocou sua mão delicadamente em seu rosto, carinhosamente acariciando-a. –
“Estou de partida.” Aquelas palavras ecoaram por todo o lugar e chegou a ela,
como um tiro. – “Por quê? Como? O que houve? Por que agora? Por quê?” Disse
ela, em tom de desespero. Seus olhos se enchiam de água enquanto aquelas
palavras ainda propagavam-se pelo lugar, e enchia os seus pensamentos.
– “Acalme-se,
pequena” Ele disse. – “Eu preciso... Eu preciso encontrar a mim mesmo. Sinto
que isso não está certo. Tenho a impressão de estar caminhando contra a maré,
contra os ventos que deveriam me favorecer. E isso está me sufocando, pois
sinto todas essas dúvidas que tenho tido, me sufocarem. E eu não consigo
simplesmente deixar isso de lado, não consigo esquecer. É maior que eu. E tudo
que te peço, é que me espere. Espere-me voltar, espere-me consertar a minha
vida, ser digno de você, estar pronto pra que eu possa merecer algo melhor... E
ser melhor do que eu tenho sido. É preciso ter fé, e pensarmos que tudo, um
dia, ficará bem. Eu preciso sentir-me vivo, apesar de estar. E no tempo certo,
tudo voltará a ser lindo, como soubemos que foi.” Ele sorriu, enquanto olhava
para aqueles olhos castanhos que agora brilhava, talvez pelas lágrimas presas
que ainda não escorriam o rosto dela, ou talvez porque ela sabia, lá no fundo,
que era preciso que isso acontecesse. E sentiam mutuamente que aquilo seria a
coisa certa a fazer.
– “Prometa-me que
não vai me esquecer, prometa-me que vai pensar em mim, por mais que o tempo
passe e por mais que fiquemos longe um do outro... Promete? Ela suplicava
enquanto enxugava os olhos, passando os dedos lentamente por eles. – “E eu vou
esperar, vou ser paciente assim como você tem sido comigo, e no tempo de Deus,
tudo se ajeitará, se for da vontade Dele, e sabemos que é.” Dito aquilo, ela o
abraçou, mas não um simples abraço – Um abraço forte, intenso. –
Neste momento, já não existia tempo. E se realmente existe
eternidade, aquele momento traduzia tudo.
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