Uma tarde, tarde.

      

        O tempo passa e com ele os momentos. Hoje não sei se estou sorrindo mais, não sei o que é ter senso de humor, eu não me sinto como antes simplesmente estou me perdendo, perdendo os sentidos. Sinto-me vazio. Movido apenas pelas lembranças das quais sei que sentirei falta e, falta também do que nunca tive.

        Nada me abala, nada me chama atenção, não me importo com o fato de estar me isolando de tudo e todos, apesar estar em ausência como um exilado, sem ideais sem ânimo e acima de tudo.. Sem sentimento. Não imagino como será daqui pra frente nunca pensei em imaginar tal caso, não imaginava como isso poderia acontecer comigo, a solidão enfim veio, com nostalgia e trouxe-me também a saudade, a falta de esperança, a vontade de se preocupar com algo ou alguém e sentir-me importante. Não esperava estar nessa recessão e agora não consigo sair dela, estou preso num mundo onde o criador sou eu mesmo e por mais doloroso que isso seja agora é tarde demais para voltar a ser quem eu era ou o que eu era. Enquanto vivemos, fazemos muitas escolhas, às vezes sem saber se são ou não as mais sensatas a serem decididas. Porém, foi numa tarde, fria e sem graça onde tive o que eu diria de mais sensata escolha que um dia eu fizera, foi quando, por ironia do destino talvez ou então coincidência, que decidi deixar alguém entrar, conhecer e permanecer em minha vida, foi ali, onde meus sentidos e alguns propósitos seriam decididos.

          Sinto que estou frio, frio demais para admitir erros, para consertar coisas que embora causadas por mim, criou-se uma culpa própria, afinal sou frio demais para aceitar erros, sou frio demais para me aceitar agora. Agora, me vejo como num espelho, onde só me resta o vazio, a parte oca e quebradiça, deixei com que meu tempo passasse como se num flash, me vi sorrindo, pensando, ganhando, por fim, perdendo. Há sempre coisas, momentos, a se queixar, iras a descontar, culpas a quem colocar, motivos para nos irritarmos. Mas e no final, o que sobra? Apenas lembranças e arrependimentos. O tempo passa, como ontem passou, hoje está passando e amanhã passará, assim vejo que aquele momento chamado de sempre, não passa de uma palavra da qual eu simplesmente ignorei devido a decepções que causadas por mim, afetou várias outras pessoas... Algumas delas, próximas a mim. E agora perdi o que mais prezava, não há nada nem mesmo um certo alguém a culpar nenhum outro alguém além de mim.
         Sinto muito, mesmo. Mas sei que desculpas já não são mais o suficiente, sei que palavras não significam nada, passaram a ser sopros ao vento, não me restaram ações, não me restaram escolhas, sou o que me tornei.